06h00 da Manhã, e todo dia é
assim, aqueles que não estão acordados, escutarão esse barulho ensurdecedor das
colheres que são batidas nas panelas, por aqueles que se dizem seguidores do
panelaço, essas pessoas também são chamadas de coxinhas, porque acham que fazem
tudo corretamente, acham que tudo é perfeito nesse mundo e por causa deles que
agora vivemos em paz e sem guerras na humanidade.
Tudo começou a alguns anos
atrás, um grupo de milhões de pessoas da classe rica de um país, fizeram um
panelaço por estarem insatisfeitos com o governo que possuíam, devido as
crises, guerras, e ambição que deixou as nossas vidas a beira do caos. No outro
dia após o panelaço o governo foi deposto por não aguentar o barulho das
panelas de todo o país e assim começaram-se a utilizar essa metodologia para
tudo.
O Mundo todo se usava essas
panelas para as suas manifestações, normalmente elas eram de uma marca
especifica: traumanotipano, todas feitas de alumínio de primeira qualidade, e
assim as pessoas batiam panelas, com toda a raiva possível, deixando pessoas
surdas, causando suicídios, o que muitas pessoas chamavam de revolução das
panelas.
Durante a revolução, que
levaram-se vários anos, vários governos foram depostos e quem tomava conta, era
a chamada Classe panelaço, normalmente formadas por burgueses da época, que
achavam que não era o suficiente ter o poder, através do dinheiro, resolveram
também ter o poder direto pelo aparato do Estado. Então fecharam-se a antiga
forma de poder, que era considerada ultrapassada.
Nessa forma de governo, existiam
dezenas de deputados e senadores, que deveriam proteger a população, mas só
protegiam os próprios bolsos. Também tinha a figura central, que eram chamados
de presidentes, que muitos diziam que eles eram na verdade um chefe das
quadrilhas de roubo do nosso dinheiro. E também existia o judiciário, que
faziam leis para proteger essas pessoas que roubaram o nosso dinheiro.
Mas todos eles sofreram com os
panelaços, a maioria deles morreram após terem como julgamento uma prisão
perpetua, ouvindo as batidas de panelas pelo resto da vida, alguns duraram
meses, outros anos. Teve até um caso clássico, de uma pessoa que foi
presidente, a Divanilda, que resistiu 40 anos com o panelaço nos ouvidos, e
segundo alguns dizem, suas últimas palavras foram “Não sei se a meta de vocês é
me matar, mas não adianta, quando vocês chegarem lá, vocês podem dobrar a meta,
que continuarei viva”. Horas depois, ela foi decapitada, por que realmente
perceberam que ela não iria morrer.
Após vários anos de luta, a Classe panelaço se
estabeleceu no poder, tendo como a Panela de barro o nosso maior lutador para o
estabelecimento dessa classe, ele se chamava Ariel Neves. As pessoas o
idolatravam, porque ele mudaria os rumos do Planeta Terra, e assim foi.
Ele primeiramente criou um Manual do Panelaço,
que estabelecia que todo o coxinha, deveria andar com uma panela, inox
primeiramente, e sempre que houvesse, casos de corrupção, ou coisas que não
eram de bom tom para sociedade, era dever de todo cidadão realizar panelaço, de
modo que essas pessoas fossem excluídas para fora dos muros das panelas.
Isso mesmo, foram construídos
grandes muros de panelas, os que ficavam dentro deveriam seguir as regras do
manual do Panelaço e os que ficavam fora, eram obrigados a mandar insumos para
os moradores de dentro, se eles ainda quisessem sobreviver, já que toda a água
do Planeta Terra ficou sobre responsabilidade, daqueles que viviam dentro dos
muros de panelas.
E aqui estou, dentro do Muro
de Panelas, onde as casas são construídas com o que há de melhor no Planeta
Terra, onde possuímos infraestrutura para viver bem, temos água, luz, telefone,
há anos que não existe violência. As escolas passam o melhor do conhecimento
pra gente, inclusive eu com 14 anos já faço doutorado em Física Quântica, nós
temos médicos, saúde de qualidade, e nossa qualidade de vida é de 100%.
Do outro lado do muro? Pouco
se sabe, mas tem boatos que as pessoas se matam por comidas, por água, gente
que nunca teve estudo, uma vez minha mãe disse, que chegou próximo dos muros e
não aguentou o mal - cheiro de corpos amontoados, porque parece que lá eles
morrem de umas doenças que há muito tempo foi erradicada aqui dentro. Papai até
ameaça as vezes que se eu não seguir o manual do panelaço, vou parar lá.
Pá, Pá, Pá
Deixa eu ir, porque não quero
perder a minha vida aqui, mesmo com dó daquele povo, sei que preciso deles para
ter o que eu tenho, então sei que é o ciclo da vida, eu faço as coisas direito
aqui e vivo e deixo de pensar neles lá, é o melhor para mim.
Por
Francisco Chagas Neto